sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Soneto para Liliana




Por ninguém devemos dar a vida, pequena
Apenas por nós mesmos.
O outro, amor ou não, é apenas um reflexo
Das nossas próprias aflições

Não creia em palavras, elas são fáceis
São somente frutos da fantasia
Devemos crer unicamente nos atos
Nos pequenos atos de cada dia

Não creia em mim,
Que exceto pelos poemas
Chego a ti de mãos vazias

Creia tão somente em ti
Esquecida de futuro e de passado
O agora é que não deve ser olvidado


RCR

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O amor verdadeiro não dói



Para Lili



O passado não escreve o futuro

É sempre somente um roteiro

Que não vale a pena percorrer

Ponha teus olhos além do muro

Além do obvio que nada constrói

Ponha teus olhos num novo sonho

Pois o amor verdadeiro não dói



RCR

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

dois poemas para Liliana

1

Liliana, bela Liliana,
O meu coração se engana,
Meus olhos, não.

Portanto, à beleza
Que os meus olhos dão certeza
Escrevo este poema

Um dia o mundo te magoa
Noutro toda mágoa escoa
E os teus belos olhos brilham

Liliana, bela Liliana
A minha poesia te ama
Porque vive só de amar

Mas tudo na vida tem preço
E penso que bem mereço
O sorriso que podes me dar.


2

não ponha peso no teu coração, Liliana
nem lágrimas na tua face
o amor não acorrenta, voa
amor que faz sofrer, assim, à-toa
não é amor, é o disfarce
do egoísmo que cega e inflama


RCR

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Anjos ou deuses

Anjos ou deuses, sempre nós tivemos
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.

Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,

Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem
E nós não desejamos.


Ricardo Reis

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ninguém a Outro Ama



Ninguém a outro ama, senão que ama

O que de si há nele, ou é suposto.
Nada te pese que não te amem. Sentem-te
Quem és, e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amam-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerás avaro
De penas.

Ricardo Reis

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